Corta uma fatia de bolo, enche os olhos de alegria da primeira pessoa que recebe esse tal pedaço.
Batem palmas, num tom quase agudo e desgovernado , sua cara de nada não tem onde enfiar.
E as pessoas , que nesse dia , chamamos de convidados, continuam a cantar, uma música sem sentido, que diz nada, e diz muito, é hora, é hora, é hora , Rá – Tim – Bum.
Talvez você ganhe alguns presentes, talvez não.
Uns cartões clichês nunca faltam, com um mero feliz aniversário.
Você sorri, agradece.
A vela se apaga, o bolo acaba, as bexigas murcham, a coca já está sem gás... está na hora de ir embora.
Eles vão, você fica.
Você e mais um ano de vida.
Nós estamos envelhecendo e em paralelo a isso o mundo, a vida, os sonhos também envelhecem.
Está bem, não vou ser tão pessimista, eu e minha mania de por tristeza e drama nas coisas.
Vai que seja um ano de muita paz, muita luz, o que mais que nos desejam?
Ah muito dinheiro, muito amor, saúde né?
Assim esperamos todos, mesmo que nunca seja, assim, esperamos todos...
Ainda temos a esperança de um mundo melhor, uma vida melhor, mesmo que a paz seja algo já sem sentido, algo que não se encaixa nesse mundo de esquisito.
Mas a cada aniversário recebemos esses tantos desejos de tantos convidados e por algum milésimo de segundo, sorrimos, respiramos fundo, agradecemos e acreditamos.
Esse ano vai ser o ano.
Tem quem não sonhe tanto, e só agradeça por mais um ano.
Tudo é tão vulnerável, frágil, é como o sopro na vela, a chama que se apaga na última palma de um parabéns.
É a tal da vida, que se apaga num piscar de olhos.
Não acaba, se transforma, assim como o fogo em fumaça.
Só não sabemos no que...
Então comemoramos mais um ano de vida.
Parabéns para você, parabéns para mim, nós ainda estamos aqui.
Isso é uma batalha vencida.
Que eu tenha muitos anos de vida, e essa data querida se repita para mim.
Quero muita felicidade, de novo... eu quero muitos anos de vida.
Rá- Tim – Bum! Renata, Renata, Renata…
by Renata Vanzetto

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